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O Cheiro dos Livros

Depois de ser uma aventura radiofónica resume-se agora a uma forma de manter a minha biblioteca pessoal organizada...

O Cheiro dos Livros

Depois de ser uma aventura radiofónica resume-se agora a uma forma de manter a minha biblioteca pessoal organizada...

Sinais de Fogo de Jorge de Sena (Opinião)

Milheiras, 05.06.20

Opinião:

Uma verdadeira obra literária, uma surpresa, um livro que temos de ter a mente aberta para ler, que nos desconstrói, uma série de floreados ou imagens que nos fazem passar desta época, mostra a verdade nua e crua destes tempos conturbados e como foram ainda mais conturbados do que nos transmitem.

 

Excerto:

" O egoísmo, da inocência, da ignorância, o egoísmo pavoroso dos que se querem e querem os outros, inocentes, ignorantes, conformados, e cada um fechado sossegadamente na sua paz, e defendendo o pior com ferocidade, com bondade, e até honesta doçura, as fronteiras invioláveis do seu primeiro, segundo ou terceiro andar, mais as pratas e os filhos contra a invasão de qualquer grito ou angústia." pp. 659

 

 

Inicio: 02-12-2015

Terminus: 08-08-2016

 

Sinais de Fogo

Título: Sinais de Fogo

Autor: Jorge de Sena

Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 664
Editor: Guimarães Editores
ISBN: 9789726656272
 
Sinopse:
Romance único de Jorge de Sena, parcela de um projecto romancesco de grande dimensão cuja designação genérica seria Monte Cativo, objectivando o recorte de uma geração nascida nos finais dos anos 10 do século XX, Sinais de Fogo abriga em si o despertar de um jovem, entre um grupo de amigos e familiares, para a sexualidade, a política e o fazer poético. De uma erudição e de um rigor literário inexcedíveis, aqui se fixa um olhar sobre o ano de 1936 português, tendo como pano de fundo o início da Guerra Civil de Espanha.

Sejam Felizes! de José Ceitil (Opinião)

Milheiras, 08.04.20
A minha opinião:
Um livro relativamente pequeno que eu demorei uns longos meses a ler 5 ou 6 talvez que esteve na minha estante mais de 5 anos sem lhe pegar.  Adorei sem dúvida um dos eleitos como melhor livro para mim e para eventualmente voltar a ler. Que delicia de livro!
 
O autor explicou assim esta obra:
"Este é um ensaio que não pretende ser mais do que um escrito ligeiro e despretensioso sobre alguns temas que influenciam decisivamente a forma e a qualidade de vida de cada um de nós. O livro está dividido em capítulos que tratam das relações entre pais e filhos, da importância que as heranças, a história e a geografia, têm na formação do carácter e da identidade, passando pela amizade, o amor, as viagens, e a luta contra os medos e as dependências várias que nos atormentam, terminando numa visão desapiedada das religiões e política."
 
 
Excertos:
 
"Da vida ninguém sabe o suficiente para afirmar com segurança e absoluta certeza o que é preciso fazer para a viver bem, e deve ser por essa razão que não se vê gente séria a dar conselhos ou a falar de cátedra sobre o assunto e muito menos a passar receitas infalíveis e milagrosas que tal permitam." p.p. 9
 
" O trabalho dessas pessoas, a principio estranhas, que passam a maior parte do dia connosco, é de grande importância e vai-nos acompanhar para o bem e para o mal +ara o resto da vida. Mas o contributo fundamental para a nossa formação, é que vai determinante no tipo de pessoa que vamos ser, vem dos nossos pais." p.p. 14
 
" Controlar a vida significa sermos senhores de nós e da nossa vontade, do nosso tempo e de tudo o que por direito nos pertence, incluindo a ambição, a independência e a liberdade." p.p.25
 
" Temos a obrigação de ser solidários com aqueles que não têm meios de se valer a  si próprios.
A responsabilidade social do Estado não impede a responsabilidade pessoal dos individuos. Se cada um fizer isso, se conseguir fugir a preconceitos e a estigmas alimentados por chauvinismos e outros sintomas de intolerância, o nosso bairro e a nossa terra podem tornar-se melhores lugares para se viver." p.p. 136
 
 
Wook.pt - Sejam Felizes!
 
Título: Sejam Felizes!
Autor: José Ceitil
Edição/reimpressão:2008
Páginas: 152
Editor: Tecto de Nuvens
ISBN: 9789899571655
 
 
Sinopse
Sejam Felizes! - É o desafio que o autor faz. A experiência de 60 anos de vida e um olhar atento e perspicaz sobre o que nos rodeia, levam-no a reflectir sobre o que nos rodeia. O resultado dessas observações traduz-se num texto que não pretende ser paternalista, mas apenas uma reflexão sobre a vida, que o autor quer partilhar com os mais jovens, sob a forma de um conjunto de conselhos organizados por temas.
 
Finalizada a leitura em 30-09-2015

Não há Seda nas Lembranças de Jorge Serafim (Opinião)

Milheiras, 07.04.20

Iniciei  a leitura em Agosto de 2015 e terminei no início de Setembro de 2015

A minha opinião:

Este foi sem dúvida um livro que foi um murro no estômago. Uma obra fascinante!!!

De um autor que nos dá sempre o seu lado mais comediante...

Depois presentea-nos com uma obra como esta, inesquecível, dura , mas ao mesmo tempo tão realista...

Um dos melhores livros que li em toda a minha vida...

Excertos:

(...) Cá para mim, esta guerra parece-me igual a todas as outras. Os que têm contra os que não têm! Os que podem ter contra os que também querem ter. Os que mandam em tudo contra os que não mandam nada. Os que querem mais contra os que têm de menos. Os de barriga cheia contrs os de barriga vazia. Não me estão a dar novidade nenhuma...Portanto, cá se vai andando com a ganância ente orelhas.(...) pp. 67

(...) Extiguiram as ordens religiosas e nacionalizaram os seus bens enquanto uma certa burguesia endinheirada, canalhas mais propriamente, apoiante da causa liberal, se apropriou de muito do património vendido ao desbarato pela Fazenda Pública. (...) Manipulam-se as populações anónimas e humildes para confrontos que se perderam dos ideais nas barrigas dos avaros e sobram ódios e vinganças cruentas que atravessam gerações. (...) pp. 74

(...) O que eles argumentam, filho, é que não se pode parar o progresso. E o progresso para essa gente sem respeito por coisa alguma é alargar ruas, desembocá-las em avenidas imaginadas, ordenar espaço para as máquinas circularem em vez de pessoas, projectar o futuro por cima de tudo e de todos, precaver a solidez financeira. Perspectivam mas não ouvem!.. E tudo o que se atrevessou à sua frente, foi abaixo! É isto o progresso, dizem eles... (...) pp.78

(...) A história repete-se, as pessoas quando não têm esperança, desfazem-se de tudo para que a salvação das almas seja bem encomendada. A manutenção dos medos dá muito dinheiro... pp. 131

(...) A vida é como um relógio, amiga. Se não lhe limpar as impurezas, se não se olear os seus mecanismos, se não se lhe der corda, emperra. Obstrui-se. Nem a dor desagua nem a alegria tem caudal. Foi o que lhe sucedeu.. pp. 135

 

(...) O Ciclo da terra deveria ser o ciclo dos homens! (...) pp. 146

Título: Não há Seda nas Lembranças

Autor: Jorge Serafim

Edição/reimpressão: 2014

Páginas: 168

Editor: Âncora Editora

ISBN: 9789727804740

Coleção: Holograma

 

 

Viver com Alzheimer de Jose Luis Molinuevo (Opinião)

Milheiras, 21.09.16

A minha opinião:

Este livro é fantástico, escrito por um médico com uma linguagem simples acessível, desmistifica muito a doença de Alzheimer, toda a gente devia ler este livro mesmo que não tenho relação com nenhum doente. Também a mim me fez compreender a doença, claro que despertou a minha curiosidade em ler outros livros com perspectivas diferentes sobre o tema. Mas sem dúvida que é um livro ao qual vou recorrer muitas vezes.

 

Excerto:

" Como mencionámos previamente, a memória episódica (recente) costuma ser afectada numa fase inicial, enquanto a memória longo prazo (remota) se conserva até fases mais avançadas da doença. Em fases mais avançadas da doença surgem outros sintomas, como a dificuldade de orientação em lugares familiares, os problemas como manuseamento de dinheiro ou de instrumentos domésticos como o telefone ou a máquina de lavar roupa, a dificuldade em ler e escrever ou em reconhecer caras familiares. Estes sintomas reflectem a afectação de outros domínios cognitivos, como a orientação, a capacidade motora, a linguagem e o reconhecimento. " pp17

 

" Primeiro são as actividades mais complexas, como as relações sociais ou a actividade laboral, que se vêem afectadas, e depois seguem-se as actividades instrumentais, como o manuseamento de objectos domésticos, de dinheiro, de utensílios de cozinha e da lida doméstica. Finalmente, são as actividades básicas do quotidiano  ser afectadas, como a higiene, o vestir, a alimentação e o controlo dos esfíncteres. "pp18

 

"Um exemplo de memória implícita é a aprendizagem das habilidades motoras: por exemplo, andar de bicicleta. (...) Esta memória não costuma a ser afectada pelo Alzheimer, (...)." pp 20

 

"Apesar de, em 90 porcento dos casos, o Alzheimer se manifestar inicialmente com um problema de memória, existem outros padrões menos conhecidos e habituai. Há pessoas, por exemplo, que vã perdendo a visão. Nestes casos, a experiência da cuidadora costuma ser desconcertante quando conhece o diagnóstico, visto habitualmente é preciso cumprir uma longa peregrinação por oculista, oftalmologistas até chegar ao neurologista que finalmente diagnostica aquilo que tecnicamente se designa como atrofia cortical posterior, afectação fundamental das áreas posteriores da região parietal-occipital que também é uma manifestação da doença." pp 23

 

" A mente refugia-se num sistema confortável que nos faz sentir eternos, que nos faz esquecer os aspectos relacionados com a morte e a fragilidade da nossa existência. Isto tranquiliza-nos e faz-nos pensar que temos tempo para fazer tudo aquilo que queremos fazer. Mas o que a realidade nos diz, por seu lado, é algo radicalmente diferente: se estamos convictos e queremos algo na vida, temos de o fazer já, porque a única coisa que temos é  presente." pp 35

 

" O amor que estamos a falar é o amor de entrega incondicional, de entrega pura, de entrega inerente ao ser humano, um amor que nos faz sentir que somos todos o mesmo. Assim, este é o amor que está sempre presente e , de facto, se nos relaxarmos e aceitarmos naturalmente o processo, o amor flui. Os pacientes serão sempre capazes de detectar as pessoas que lhe são queridas, mesmo em fases em que tenham perdido completamente a capacidade de reconhecer quem são. Aliás, podem mesmo não saber concretamente de quem se trata, mas sentem que essa pessoa lhes é próxima, querida e amada. Esse amor pode manifestar-se simplesmente através do olhar."pp 126

 

Título: Viver com Alzheimer
O amor não se esquece
Autor: Jose Luis Molinuevo

 

Edição/reimpressão:
Páginas: 168
Editor: Pergaminho
ISBN: 9789896871895

 

Sinopse

Este livro destina-se a servir de apoio a todas as pessoas que têm a seu cuidado familiares ou entes queridos que padecem da doença de Alzheimer. Ou seja, é uma obra destinada a todos aqueles que estão a viver um «luto em vida»: um luto, devido à sensação constante de perda que a progressão da doença causa; e «vivo» porque implica cuidar de uma pessoa que está em constante mudança.
A relação entre o paciente e o prestador de cuidados é sempre complexa e de difícil equilíbrio; quando o prestador de cuidados é um familiar, esta complexidade torna-se ainda maior. Viver com Alzheimer ajuda a compreender esta dinâmica e a criar uma relação mais equilibrada, potenciando as vantagens da intimidade criada entre ambos e ajudando a proteger a sua vulnerabilidade.
Ao longo destas páginas, encontrará esclarecimentos práticos e acessíveis acerca da natureza, da sintomatologia e da progressão da doença de Alzheimer. Este conhecimento permitir-lhe-á fazer uma gestão mais adequada das suas expectativas, comunicar de forma mais eficaz tanto com a pessoa afetada pela doença como com os restantes familiares ou amigos e, sobretudo, adquirir ferramentas para se adaptar da melhor maneira possível a uma realidade em constante mudança.

 

Terminei de de ler a 29-09-2015

Galveias de José Luís Peixoto (Opinião)

Milheiras, 29.09.15

A minha Opinião:

Galveias, engana-se quem pensa que fui influenciada pelo nome do romance. Mas não tenho a menor dúvida que de todos os livros do José Luís Peixoto que já li (só me falta ler Dentro do Segredo, e que vai ser lançado para o mês que vêm Em teu ventre) esta é a obra! Um livro lindo, de fácil leitura, mas suficientemente complexa para nos deixar a pensar! Uma trama apaixonante que quase nos obriga a devorar o livro! Sem dúvida, que se a suas obras continuarem a evoluir assim será o próximo Nobel português!!! Um génio!

 
Excerto:
 
  "Todos temos um lugar onde a vida se acerta. Cada mundo tem um centro. O meu lugar não é melhor que o teu, não é o mais importante. Os nossos lugares não podem ser comparados porque são demasiado íntimos. Onde existem, só nós os podemos ver. Há muitas camadas de invisível sobre as formas que todos distinguem. Não vale a pena explicarmos o nosso lugar, ninguém vai entendê-lo. As palavras não aguentam o peso dessa verdade, terra fértil que vem do passado mais remoto, nascente que se estende até ao futuro sem morte."
José Luís Peixoto
 
O Excerto lido por António Facundes....
 

 

 

E eu ainda acrescentaria, quem não sabe onde tem esse lugar vai passar uma vida a procurá-lo...
 
 

 
Título: Galveias
Autor: José Luís Peixoto
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 280
Editor: Quetzal Editores
ISBN: 9789897221798
 
 

Sinopse

Galveias está entre os grandes romances alguma vez escritos sobre a ruralidade portuguesa.
O universo toca uma pequena vila com um mistério imenso. Esse é o ponto de acesso ao elenco de personagens que compõe este romance e que, capítulo a capítulo, ergue um mundo.
Como uma condensação de portugalidade, Galveias é um retrato de vida, imagem despudorada de uma realidade que atravessa o país e que, em grande medida, contribui para traçar-lhe a sua identidade mais profunda.

Rugas de Paco Roca

Milheiras, 18.02.15

Rugas

Título: Rugas
 
Autor: Paco Roca;
Tradução: Joana Neves
 
Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 160
Editor: Bertrand Editora
ISBN: 9789722525992
 
 
Sinopse
Emílio, um bancário reformado, sofre da doença de Alzheimer e é internado num lar de terceira idade. Rodeado de vários outros idosos, cada um com um quadro «clínico» distinto e com uma personalidade bem vincada, vai aprendendo as diversas estratégias para combater o tédio e a erosão da rotina. Ao mesmo tempo, Emílio e os seus companheiros vão tentando introduzir, num quotidiano marcado por medicamentos, refeições, «terapias ocupacionais» e sestas de duração indefinida, alguns vislumbres de encanto e alegria de viver

Viver com Alzheimer de Jose Luis Molinuevo

Milheiras, 22.01.15
 
Título: Viver com Alzheimer
O amor não se esquece
Autor: Jose Luis Molinuevo

 

Edição/reimpressão:
Páginas: 168
Editor: Pergaminho
ISBN: 9789896871895

 

Sinopse

Este livro destina-se a servir de apoio a todas as pessoas que têm a seu cuidado familiares ou entes queridos que padecem da doença de Alzheimer. Ou seja, é uma obra destinada a todos aqueles que estão a viver um «luto em vida»: um luto, devido à sensação constante de perda que a progressão da doença causa; e «vivo» porque implica cuidar de uma pessoa que está em constante mudança.
A relação entre o paciente e o prestador de cuidados é sempre complexa e de difícil equilíbrio; quando o prestador de cuidados é um familiar, esta complexidade torna-se ainda maior. Viver com Alzheimer ajuda a compreender esta dinâmica e a criar uma relação mais equilibrada, potenciando as vantagens da intimidade criada entre ambos e ajudando a proteger a sua vulnerabilidade.
Ao longo destas páginas, encontrará esclarecimentos práticos e acessíveis acerca da natureza, da sintomatologia e da progressão da doença de Alzheimer. Este conhecimento permitir-lhe-á fazer uma gestão mais adequada das suas expectativas, comunicar de forma mais eficaz tanto com a pessoa afetada pela doença como com os restantes familiares ou amigos e, sobretudo, adquirir ferramentas para se adaptar da melhor maneira possível a uma realidade em constante mudança.

Sobre um vulcão de José Pereira de Lima

Milheiras, 18.09.14

 

Opinião:

 

Terminei de ler esta obra a 3 de Julho de 2014.

É uma obra fascinante, daquelas que temos em casa uma vida inteira e um dia decidimos arriscar e ainda bem que o fiz.

Não sei como foi parar lá a casa nem de quem era. Na Internet também não muitas informações sobre o autor.  Mas para mim este livro foi escrito por uma pessoa com uma genialidade incrível. E fez-me descobrir quem sou.

Datada de 1929 e editada pelo autor, ficamos a saber pelo prefácio que é a primeira obra de José Pereira de Lima.

No entanto o enredo tem lugar antes de 1910, mas se retirarmos a monarquia de campo, podia ser um enredo da actualidade.

E como é possível que um livro com quase 100 anos se mantenha tão actual. Digo eu: muito mal vai o nosso país, para não ter havido uma evolução...

Um livro de pequenas dimensões e de 201 páginas. Dos tais que eu gosto que são fáceis de ler mas que nos dão muito em que pensar.

 

Excertos:

 

(...)

 

" Não me prendo com dogmatismos, dizia ela, apesar de que aceito com a melhor vontade a moral e os belos conceitos espendidos nela. Quero crêr e compreender livre de peias e não admito nem regeito o que me dizem por me garantirem: - Isto é bom ou aquilo é mau. Tenho a minha convicção entrará no meu espirito."

 

(...)

 

" - Ah! É para lamentar!...Esquecia-me de que a menina não gosta destes graves assuntos...É uma revolucionária....Foi o que no colégio lhe souberam ensinar? Se eu tenho adivinhado! Nunca teria permitido que tivesse saído para longe de mim. Mas, gabaram-me tanto a educação cuidada que lá se recebia, que eu consenti para ma estragarem com ideias exquisitas.

- Exquisitas, não minha querida mãe, diga antes ideias novas, livres da rotina. Não me estragaram como julga, mas ensinaram-me a pensar pela minha cabeça e não pela dos outros. É o que é."

 

(...)

 

"a Igreja é o refúgio de todos os desgraçados, que não deixaram de ser socorridos e aconselhados por ela nos dolorosos transes da vida. O mesmo não sucede aos que aplaudem as ideias subversivas. O mínimo que lhes pode acontecer é duvidarem de tudo e de todos, até se toranrem materialistas, o que é mil vezes mais perigoso do que a morte: é o suicídio do espírito. perderam a consolação da fé, e crendo unicamente no nada, acabam por se matar, julgando põr termo a tudi, mas não dão mais do que o acesso aos horriveis sofrimentos que os esperam no inferno."

 

(...)

 

" - Direi que não é com esta rivalidade de crenças para crenças que se conseguirá melhorar o mundo; o ódio não se paga com ódio. (...) A minha filosofia que tanto condenam, só deseja harmonisar as diferentes crenças perante a minha consciência, porque, julgando-as todas sinceras, vejo que o seu papel é preponderante, beneficiando a humanidade, melhorando-a, educando-a e servindo de freio a ruins paixões.

 Já não estamos na Idade Média, mas im no sécuo XX, por isso temos de nos adaptar ao novo meio. devemos abandonar a rotina de tantos séculos para entrarmos plenamente na luz da alvorada que raia para a nova geração, estudando tudo, pondo de parte dogmas e mistérios, que o cérebro já não aceita sem protesto, e que é dever de todo aquele que pensa explicar ao vulgo que ainda não percebe."

 

(...)

 

" a filosofia da actualidade, aquela que sigo reconhece Deus, não um ser antromorfo, mas alguma cousa mais sublime e grande, alguma cousa que o olhar do homem não apercebe, que a sua mente não descortina, mas de que vê efeitos na inteligência, na influência, na força incalculável, na flôr que desabrocha, no arroio que sussura, na catarata que se despenha, pelas altas fráguas, num estrondear terrível, no raio que fulgura, no trovão que ribomba, na luz que nos deslumbra e no cérebro que pensa. É em tudo isto que eu vejo a acção de Deus, a força da providência, o poder da Natureza, nomes diferentes, com que os homens, de todas as épocas, têem procurado explicar tudo o que não entendem, tentando, em vão, definir com qualquer palavra o Incognoscivel, medir o Infinito de tudo o que nos rodeia."

 

(...)

 

" Vai raiar um novo sol de Liberdade espancando para bem longe a nuvens sombrias que nos asfixiam. As prerogativas doas grandes senhores cairão por terra como ídolos de barro; a igualdade será um facto; acabar-se-hão as distinções de classes, o povo, êsse bom povo trabalhador e obscuro, terá horas de paz e de felicidade, poderá, como os outros, ascender aos mais altos cargos, desde que tenha inteligência e seja honrado. Ha tantos talentos desconhecidos e ignorados nêsse pobre e humilde povo! É ver como qualquer ideia nobre e elevada lhes empresta uma eloquencia arrebatadora e os faz levar após si centenares de pessoas. Como é lindo o nosso sonho!"

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O centenário que fugiu pela janela e desapareceu de Jonas Jonasson

Milheiras, 19.03.14

O centenário que fugiu pela janela e desapareceu

 

 

Bem, acabei de ler "O centenário que fugiu pela janela e desapareceu" um livro fantástico! Daqueles que vou querer ler outra vez, porque vai contando a história de vida de Alllan e ao mesmo tempo o que aconteceu depois de ele fugir pela janela. E neste tipo de livros eu só quero saber como acaba a história leio muito depressa e com certeza não dei a importância devida à história de vida, que fala de muitos momentos importantes do séc. XX. Por isso vou ter de voltar a ler qualquer dia....

Para mim o que mais me tocou neste livro é que a frase citada faz todo o sentido....

 

"(...) as coisas eram como eram e que o futuro seria como fosse."

 

O Anjo Branco de José Rodrigues dos Santos

Milheiras, 04.01.14

O Anjo Branco

 

Título: O Anjo Branco

 

Autor: José Rodrigues dos Santos

 

Edição/reimpressão: 2010

 

Páginas: 680

 

Editor: Gradiva Publicações

ISBN: 978989616390

 

 

 

Adorei este livro, e apareceu na minha vida mesmo na altura certa, aliás como sempre. Esteve 2 anos na minha prateleira e só no dia 4 de Dezembro decidi lê-lo.  E levei exactamente um mês a lê-lo...

Excertos:
" Todos nós conseguimos reconhecer o bem com facilidade (...) Mas já viste como é difícil defini-lo? O que é o bem? Um conceito tão simples se revela tão difícil de expressar, não é?"
"Não tenho respostas finais para o problema do bem e do mal (...) A única coisa que te posso dizer é que te deves guiar pela consciência. (...) Quero apenas explicar-te que, ao longo da tua existência, espero que sejas uma pessoa boa. Na vida vais decerto encontrar situações difíceis e dilemas dolorosos. Nem sempre a solução mais fácil é a melhor. Por vezes temos de escolher entre um mal que nos facilita a vida e um bem que nos dificulta tudo. Escolhe sempre o bem. "
"Mas afinal o que é o bem? Se antes da guerra Hitler estivesse a morrer e eu o tivesse salvo, será que tinha praticado o bem? Se eu ajudar um amigo a obter um emprego, estarei a fazer o bem? Então e a outra pessoa que deixa de ir para esse emprego só porque pus lá o meu amigo? Ao fazer o bem a uma pessoa não estou a fazer o mal à sua concorrente ou às suas futuras vítimas?"
" O que quero dizer é que a questão do bem e do mal sempre gerou mais perplexidades do que certezas. (...) O que é o bem e o que é o mal? Todos nós intuímos estes conceitos, mas a sua definição precisa escapa-nos. Até hoje."
" Sabe o que na verdade é o mal? (...) É a incapacidade de nos pormos no lugar do outro."
"O bem é pormo-nos no lugar do outro. E actuar em cconformidade, claro."