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O Cheiro dos Livros

Depois de ser uma aventura radiofónica resume-se agora a uma forma de manter a minha biblioteca pessoal organizada...

O Cheiro dos Livros

Depois de ser uma aventura radiofónica resume-se agora a uma forma de manter a minha biblioteca pessoal organizada...

Alentejo Blue - Mónica Ali

Milheiras, 25.09.13

 

Comprei este livro por ser sobre o Alentejo, já há mais de um ano que o estava a ler. Não por ser um livro extenso, mas pela sua linguagem. A tradução não sei se foi a autora que fez mas não é das melhores e a história é um pouco confusa. Fiquei um pouco desiludida pela forma como vêem o Alentejo e os Alentejanos, mas enfim cada um vê o lado que quer... Não desisti de ler o livro porque o enredo até era interessante. Mas infelizmente tenho a sensação que se perdeu a meio, ou talvez tenha sido eu que me perdi... Não sei de qualquer forma este livro, não foi de todo dos que mais gostei.

 

Sinopse

"Uma visão apaixonante da vida alentejana por uma das mais importantes autoras inglesas da actualidade.

Alentejo Blue conta-nos a história de uma pitoresca vila alentejana chamada Mamarrosa, através daqueles que lá vivem, viveram ou que por lá passaram.
Para uns, Mamarrosa é um lugar de onde se quer fugir, para outros, um local de refúgio. No café do Vasco confluem habitantes e forasteiros, com as suas histórias de vida recheadas dos mais banais - e ao mesmo tempo marcantes - aspectos humanos.
Um romance que mantém uma universalidade sustentada na profundidade narrativa das suas personagens. Uma história extraordinariamente humana que nos mostra o estilo bem característico da escrita de Monica Ali."

 

 

Título: Alentejo Blue
Autor: Mónica Ali
Edição/reimpressão: 2007
Páginas: 272
Editor: Caderno

 

Levantado do Chão - José Saramago

Milheiras, 21.02.13

 

 

Adorei!

 

Talvez por ter lido este depois de ter lido o Rio das Flores de Miguel Sousa Tavares, foi mágico! Ler Levantados do Chão foi compreender a dureza e as dificuldades de tempos passados. Existem pólos que se tocam e em extremos opostos e este enredo podia simplesmente cruzar-se com a nossa nos dias que correm.

A história da família "Mau-tempo", dura e cruel como são as vidas de quem trabalha e não tem tempo para mais, senão para arranjar dinheiro para por o pão na mesa. Faz-nos pensar e eu gosto de livros que me deixem a pensar...

 

Sinopse
 
"«A transformação social. A contestação. Personagens em diálogos. As cruentas desigualdades sociais. Surgem as perguntas proibidas. Vai-se adquirindo consciência e espaço, para que tudo se levante do chão. Um livro composto por 34 capítulos. No 17.º está a tortura e a morte de Germano Santos Vidigal. Germano, o nome que significa irmão, o homem da lança. Apesar de vencido, o sacrifício da sua vida indica o caminho. ""Já o encontraram. Levam-no dois guardas, para onde quer que nos voltemos não se vê outra coisa, levam-no da praça, à saída da porta do sector seis juntam-se mais dois, e agora parece mesmo de propósito, é tudo a subir, como se estivéssemos a ver uma fita sobre a vida de Cristo, lá em cima é o calvário, estes são os centuriões de bota rija e guerreiro suor, levam as lanças engatilhadas, está um calor de sufocar, alto. ""As mulheres são também chamadas à primeira linha das decisões neste belo romance de Saramago. O diálogo monossilábico entre marido e mulher da família Mau-Tempo vai-se alterando. Interessante observar uma narrativa que vai da submissão ao sentido de libertação, através de gerações.» (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)"

 

 

 

Amor e Sexo no tempo dos Salazar - Isabel Freire

Milheiras, 21.09.12

Amor e Sexo no Tempo de Salazar

 

Adorei este livro, ajudou-me a compreender muito a mentalidade da minha mãe e das pessoas com idade para serem minhas avós. E pensar que este tempo não está assim tão longe...

 

Sinopse
"No meu tempo a noiva era uma coisa séria. Iam emocionadas. (…) Os pais choravam, e a noiva chorava também! (…) Não se sabia se iam para bem, se iam para mal. (…) Elas tinham de aguentar tudo porque o casamento era para a vida. Esperança, 90 anos. A mulher deveria ser perfeita. Uma dona de casa exemplar, sempre atenta ao marido e aos filhos, esmerada nas artes da cozinha e do bordado, com comportamento aprumado e decente.

Nos anos 50, e sobre o olhar atento, conservador e católico de António de Oliveira Salazar, timoneiro de um Estado Novo repressor, o amor e o sexo eram temas tabus, a que se devia dar pouca importância. Prevalecia a moral e os bons costumes. Um mundo recheado de valores puritanos, de vexame, opressão, tirania e recalcamento, para todos os gostos e para ambos os sexos, mas sobretudo para o feminino. Durante esta década, os direitos das mulheres portuguesas foram abafados, circunscritos, diminuídos.

Forçadas à submissão de género, à dependência económica e afectiva, bem como ao apagamento sexual. Isabel Freire conta-nos como se namorava nos anos 50, do flirt ao beijo na boca, explica-nos que a «mão na mão» dava direito a uma multa no valor de 2$50, já a «mão naquilo» valia 15$ de coima, fala-nos da vida boémia dos bordéis de Lisboa, do carácter vicioso do sexo «bucal», das contraceptivas lavagens vaginais, dos partos em casa e dos abortos clandestinos, das expectativas e ansiedade dos noivos na noite de núpcias, das famílias felizes e da peste que era o divórcio. Como viveram na intimidade os homens e as mulheres que são hoje pais, avós e bisavós de gerações com princípios tão distintos? Brincava-se muito com esta máxima: «Mão na mão. Mão na coisa. Coisa na mão. Coisa na coisa é que não.» Estávamos nos anos 50 e o grande interdito era realmente o corpo."

Título: Amor e Sexo no Tempo de Salazar
Autor: Isabel Freire
Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 308
Editor: A Esfera dos Livros