1755 - O Grande Terramoto de Filomena Oliveira e de Miguel Real
Dois eixos dramáticos unifi cam o todo da peça: a história de Mariana e do seu presumível incesto com o conde de Unhão, que se inscreve na Lisboa popular, e a história da ascensão ao poder do Marquês de Pombal, como ministro do reino e construtor do Estado português contemporâneo.
O contexto de toda a acção dramática localiza-se em Lisboa, antes, durante e depois do terramoto.
Ao longo da primeira parte, esboçam-se os confl itos entre as personagens e grupos sociais (os políticos, os nobres, os religiosos, os embaixadores, as prostitutas do Botequim da Rosa, o povo das ruas de Lisboa) na luta por privilégios, infl uências, interesses e poder. Na segunda parte, iniciada a partir dos escombros do terramoto, evidencia-se a emergência do poder pessoal do Marquês de Pombal que, iluminística e despoticamente, intenta não só construir uma cidade nova como igualmente criar uma nova mentalidade e um novo Portugal.
Nos escombros do velho Portugal, supersticioso e deca dente, de nobreza falida, dominado por uma mentalidade eclesiástica, nasce a ferro e fogo uma cidade nova, geométrica, e um país moderno, burguês, sem escravos nem cristãos-novos, com escolas públicas e comércio intenso.